domingo, 21 de outubro de 2012
segunda-feira, 18 de junho de 2012
História no Cinema: A Montanha
A Montanha
Superprodução
do cinema brasileiro sobre a luta de soldados brasileiros na Segunda
Guerra Mundial chega aos cinemas em 2012 cercada por muita expectativa
Chega
em breve aos cinemas brasileiros o filme "A Montanha", dirigido pelo
carioca Vicente Ferraz (“Soy Cuba”). O filme – uma superprodução, com um
orçamento girando em 8 milhões de dólares – é baseado em fatos reais e
conta a história sobre a participação de um grupo de soldados
brasileiros da FEB (Força Expedicionária Brasileira) na Segunda Guerra
Mundial. Cercado por uma enorme expectativa (público e crítica), “A
Montanha” encaixa-se, claro, do gênero de “filme de guerra”. Mas seu
enredo aparenta transbordar a narrativa e o argumento clássico desta
classificação. No Sopé do Monte Castelo, na Itália, uma esquadra de
caçadores de minas da FEB sofre um ataque de pânico e acaba se perdendo
em plena “Terra de Ninguém” (zona deserta no front de guerra).
Desesperados, com frio, fome e sede, os Pracinhas têm de optar por
enfrentar a corte marcial ou encarar novamente o inimigo. Então, os
remanescentes do grupo decidem rumar para outro ousado objetivo militar:
desarmar o campo minado mais temido da Itália. No caminho, acabam
encontrando um Partigiano arrependido e um oficial alemão cansado
da guerra. Com a inesperada ajuda do ex-inimigo alemão, os Pracinhas
vão tentar realizar uma missão até então considerada impossível.
O
Brasil foi o único país latino-americano a enviar tropas para a Segunda
Guerra Mundial. No total, foram enviados mais de 25 mil soldados à
Itália, um grupo que ficou conhecido como “Força Expedicionária
Brasileira”. Esses soldados permaneceram ininterruptamente 239 dias em
combate. E participaram de diversos combates importantes, em terra e no
ar. Entre as principais vitórias dos militares brasileiros no teatro de
guerra europeu estão Massarosa, Monte Acuto, Barga, Montese, Fornovo di
Taro e a mais famosa de todas: Monte Castelo. No pós-guerra, a
participação dos “pracinhas” na guerra foi bastante contestada e até
mesmo silenciada pela historiografia e pela classe política. Nas últimas
décadas, no entanto, o tema passou a ser objeto de estudo acadêmico. E
nas telas do cinema, os soldados brasileiros já foram tema de
documentários importantes, como “Senta a Pua!”, de Erick de Castro. Mas
nunca havia sido produzido uma ficção de longa-metragem. “A Montanha” –
filmado no primeiro trimestre de 2011 – vem ocupar, não sem algum
atraso, essa lacuna na cinematografia brasileira.
Orçado
em 8 milhões de reais – o que significa uma grande quantia para um
filme brasileiro – “A Montanha” traz Daniel de Oliveira (“Cazuza”) no
papel principal, além dos atores Júlio Andrade, Ivo Canelas, Sergio
Rubini, Richard Sammel, Thogun Teixeira e Francisco Gaspar. O diretor,
Vicente Ferraz, sublinha que o seu filme difere um pouco dos demais do
gênero:
-
“A Montanha” não é um típico filme de guerra. É a história de
brasileiros, italianos e alemães que se encontram durante o maior
conflito do século XX. E nesse inusitado encontro mostra que, mesmo
durante a guerra, os aspectos humanos podem sobreviver.
“A
Montanha” está em fase de pós-produção e a previsão é que chegue aos
cinemas brasileiros ainda em 2012. Para quem quiser ir conhecendo um
pouco melhor o filme, pode acessar o seu blog oficial ou baixar um excelente material de divulgação da
“Três Mundos” e da “Primo Filmes”, responsáveis pela produção do longa.
Neste material (formato em PDF), é possível ler mais sobre o enredo do
filme e curtir a história e as imagens de todos os soldados que são
retratados nas telas.
Fonte: http://cafehistoria.ning.com/page/materia-do-cafe-historia-historia-no-cinema
sexta-feira, 8 de junho de 2012
Historiografia atual quebra mitos sobre escravidão no Brasil
A relação
conflituosa e opressiva, marcada pelos castigos físicos, é apenas um dos
modelos de interação entre senhores e escravos no período colonial
brasileiro. Se esse modo era recorrente na produção de açúcar, na
pecuária os negros tinham liberdade para cultivar seus próprios
alimentos, vender o excesso de produção e até constituir família. É o
que mostra pesquisa da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
(FFLCH) da USP desenvolvida pelo historiador Antonio Roberto Alves
Vieira e orientada pela professora Vera Lucia Amaral Ferlini.
Não se trata, no
entanto, de um ato de bondade dos senhores. Como a atividade pecuária
lida com terras de grandes extensões, que facilitariam a fuga, a melhor
maneira de manter os escravos por perto era permitir que mantivessem
vínculos com o local. Ao constituir famílias, criava-se o espírito de
solidariedade e cooperação, gerando um senso de responsabilidade para
com os que dele necessitavam. Com cônjuges, filhos e outros parentes, os
escravos teriam mais dificuldade em escapar.
O mesmo ocorre com
as atividades econômicas exercidas pelos escravos em benefício próprio.
Era um jeito de juntar dinheiro para algum dia, quem sabe, comprar a
própria alforria e a dos próximos. Mas o sonho da liberdade poderia vir
abaixo com a divisão das terras do senhor, por morte, casamento dos
filhos ou venda a outro dono.
Pesquisas apontam
que escravos de senhores diferentes relacionavam-se entre si “por meio
de laços familiares, sanguíneos ou espirituais como o compadrio, por
exemplo”, aponta Vieira. O certo grau de liberdade abria espaço para que
cativos de uma mesma fazenda ou senhor se organizassem entre si, com
relações de poder comuns a qualquer sociedade. “De maneira que, em um
ambiente onde a distribuição de benesses e privilégios eram bens
escassos, a competição e o conflito estavam na ordem do dia sempre”.
Na pecuária,
atividade que teve grande importância na colonização do interior do
Brasil, os negros atuavam também como vaqueiros e guarda-costas dos
senhores, servindo às lutas entre famílias de colonos. Segundo o
historiador Caetano de Carli, não era preciso comprar novos
trabalhadores do tráfico para manter a população de escravos – as novas
gerações já davam conta de suprir a demanda. É o que mostra o alto
número de crioulos, que são os nascidos no Brasil, e crianças, bem como a
presença de homens e mulheres em quantidade igual.
A agricultura
cafeeira e a algodoeira favoreciam uma relação mais próxima entre
escravos e senhores, sobretudo em plantações menores do Sul e Sudeste. O
botânico francês Saint-Hilaire, ao viajar por essas regiões, observou
que em muitos casos os negros trabalhavam lado-a-lado com os donos, além
de beber, rezar e até dançar junto com eles. Sofriam menos castigos
corporais que aqueles das plantations e, em partes do estado de São
Paulo, até conseguiam juntar dinheiro para comprar fumo, bebidas e peças
de vestuário. No Sul, havia casos em que ficavam responsáveis pela
criação de animais sem supervisão.
Casos assim não eram
necessariamente a exceção. No ano de 1819, que coincide com a viagem de
Saint-Hilaire, 44% dos escravos encontravam-se no Sul e Sudeste. Para
Vieira, a pesquisa história em pecuária no Brasil ainda tem muito a
crescer. “Avanços significativos são observados na historiografia
rio-grandense, embora, reconheçam estrarem ainda bem aquém da produção
de seus vizinhos platinos. Porém isso pode impulsionar novas abordagens,
subsidiando nossas pesquisas, tanto em termos paradigmáticos quanto
metodológicos”, diz.
Fonte: Unesp - Redação: Kelvin
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